Ponderações

Ponderações


Apr 14, 2022


Foi numa tarde de março que, olhando a chuva cair sobre a calha, acendi um cigarro e fixei olhar no rebanho que lá estava no campo há tomar chuva. Comecei a pensar um pouco naquilo que se estava passando em minha vida: já não aguentava mais viver com Elias, o nosso casamento estava totalmente combalido; para nada ele me tinha além do sexo e de seus abusos psicológicos diários. Eu, para nada tinha ele além dos bens e da pressão familiar. Desde muito jovem, por coação de minha mãe, fui “obrigada” a casar com Elias. Por ele ser um homem de muito dinheiro e muita influência no ramo empresarial, minha mãe sempre falava: “invista neste homem, tenha um filho com ele logo, não perca esta oportunidade ímpar!”.

Hoje, escorrida as águas de março, com meus 30 anos maduros, posso dizer das virtudes que tive destes anos melancólicos: não tive filho algum com Elias e pude ter a mais pura percepção do meu lado egoísta, narcisista e consumista. Passando um final de semana na casa de Vanessa, minha amiga de infância, consegui ver como, com tanta simplicidade e sem ter “nada”, a família de minha amiga era feliz - em um estado de felicidade nunca visto antes por mim - e não pestanejavam em dividir o que eles, às vezes, nem tinham. Foi observando tudo aquilo que resolvi tentar mudar meu jeito de ser: optei por pedir divórcio a Elias e, enfim, poder me tornar uma mulher livre, sem homem algum impondo pauta sobre mim e mudando meu conceito daquilo que é necessário e permanente do que é falso e desnecessário. Por fim, já que a felicidade, para mim, é inalcançável, tudo isso tem aliviado a angústia que dentro de mim habita.


- Flávia Nowak


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